segunda-feira, 26 de outubro de 2009

FERNANDO MINEIRO

Hoje, vem essa vossa conhecida Cachorrinha prestar uma homenagem a Sr. Fernando, homem por vezes agraciado com as mais opulentas honras como quando em 1999 recebeu o maior prêmio literário do Brasil ´´Machado de Assis`` pelo conjunto da obra...Pretensões a parte vou então da forma mais singela possível ( no nosso pequeno blog não poderia ser diferente) lembrar antes que se vá o mês de outubro daquele em que por vezes copiei, me inspirei, admirei, e sem mais delonga mostrarei para os Eruditos leitores uma das minhas predileções na intitulada ´´ A ultima Crônica`` que aqui transcrevo na integra :


"A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."

Sr. Fernando cuja obras se tornaram minhas amigas, nasceu em 12 de Outubro de 1923 em Belo Horizonte, e ascendeu (como não poderia ser diferente) em 11 de Outubro de 2004 no Rio de Janeiro. A seu pedido, seu Epitáfio é o seguinte: ´´Aqui jaz Fernando Sabino que nasceu Homem e morreu Menino``...Leiam caros Amigos, ao termino, tenho à certeza que você verá porque lembrar com tanto carinho de Fernando Tavares Sabino, reflita...Viva au Vida.


Dedicada a Leitora Sylvinha.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

COMO UM PARDAL SOBRE O FIO


Estou desde ontem tentando fazer um Poema, escrever algo bonito, rimado, trabalhado com maestria, mas desisti. Não sei fazer Poemas, só sei escrever em Prosa, pode ser que um dia eu consiga é claro, mas hoje não consigo ver nada combinado com Rimas e Estrofes. Na Prosa que dedico a esse pequeno ( e sem grandes pretensões ) rascunho que vós escrevo, pode ser plena como a poesia, caçar a essência das coisas e esperar com sentidos inusuais, mergulhar no mundo e se derramar pelos livros e cronistas de referência...A escrita nas mãos certas é um instrumento extremamente poderoso, cria amantes, gera Guerras, acalma, nina, aconchega...Eu espero que possa sempre surpreender, possa sempre mudar de idéia, possa errar e voltar atrás como uma Prosa sem precisar rimar e que não me falte o aval das letras...Agora os Cães ladram enquanto farejo palavras, nem sempre e fácil escrever, tem dias em que a Cabeça se recusa em participar desse mundo, e a danada da inspiração e como um pequeno Pardal sobre o fio, foge ao menor barulho...Viva au Vida.


Dedicado ao leitor Beto Poeta.

domingo, 18 de outubro de 2009

ENIGMÁTICAS


Observava o Céu na esperança de ver alguns raios de Sol seja lá onde estivessem, parece que a tempos o Astro Rei não vem dar o ar de sua graça, mas aquele amontoado de Nuvens oculta a Estrela e vão com o vento criando formas e compondo imagens...A natureza com todo o seu exibicionismo mostra o belo não se importando com o Céu nublado, cria representações, ícones multiformes que vão sendo transportado pelos vento como se estivessem mudando de cenário. As Nuvens representam em seu bailado imagens de toda a Terra, um rosto de perfil aqui, um Elefante lá. Uma linda Cachorrinha como eu acolá, um sorriso de Criança, um Cavalo alado, uma montanha de Algodão Doce...Há quem já viu um Rebanho de Cordeirinhos e os Jardins da Babilônia. São mistérios o que produzem essas Nuvens mutantes, errantes, nômades que vagam por todo o Globo e nos fazem vislumbrar as mais controversas imagens, criando um vastíssimo pasto para a imaginação...Ande Caro Leitor, continue seu caminho, não pare, apenas olhe vez ou outra para cima e contemple os desenhos enigmáticos...Viva au Vida.


Dedicado a leitora Mariza Pinheiro.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

URUCUBACA DRINKS

Saideira foi o último nome que tenho notícia, trata-se de um pequeno botequim com balcão de madeira mas parecendo um Pub Inglês, um toldo azul que percorre as duas paredes do comércio que fica em uma esquina, e aquelas famigeradas mesas e cadeiras que ocupam a calçada obrigando os pedestres a seguir pela rua, mas não deixa de ter certo charme e elegância...Fica a mais ou menos cinqüenta metros de distancia do portão do Condomínio e esse nome atípico lhe foi concedido pelos freqüentadores pelo fato do mesmo funcionar 24 horas. Também do freqüentadores , a maioria moradores vizinhos, vem o relato que debaixo da alvenaria do pequeno Prédio está enterrada uma Caveira de Burro, daí a justificativa para o estabelecimento já ter fechado diversas vezes, nada vai para frente naquele ponto comercial..Superstições a parte, esse devaneio popular tem lá seus acertos, dizem ter começado as voltas de 15 anos atrás com o nome de Fecha Nunca, o proprietário da época de forma simbólica na inauguração jogou a chave da porta fora para nunca mais fechar. Passaram dois anos e tiveram que achar a tal chave...Em seguida foi a vez de inaugurar como 100 Sono, assim durou um pouco mais. Nos finais de semana tinha como hábito assar carnes em uma grande churrasqueira de alvenaria construída propositalmente ao lado da porta, o cheiro enchia a boca d'água de quem ali passava inclusive deixando a Cachorrada da Vila em polvorosa... Cerrou-se as portas certo dia para abrir posteriormente como Mar das Delícias, esse que quando ao fechar o Povo com certa maldade dizia ter sido levado pela Maré. E por fim o já comentado Saideira, esse encerrou as atividades pela semana passada dando margem as más línguas para falar que o dono saiu e não voltou mais...Aguardemos pelo novo proprietário, e que este tenha mais sorte que os demais senão o próximo nome a ser dado seria o justificável Urucubaca Drinks...Viva a Vida.


Dedicado a leitora Luz da Meia Noite.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

FILOSOFO DO COTIDIANO


Carros amassados, discussão, bate boca, vias de fato, tapa pra lá, tapa pra cá, curiosos, a turma do deixa disso em minoria, a Cachorrada assistindo intrigada... De dentro do Prédio vi quando chegou a Policia para acalmar o ânimos dos camaradas que agora tinham o Carro e a Cara amassada, o incidente me recordou de uma coluna de Salomão Schvartzman na qual não poderia deixar de compartilhar com quem não tivera oportunidade de ouvir...Fato acontecido em um Taxi que ele havia pego pelo centro de São Paulo, e que em seguida tomará um enorme susto quando um veículo saltou de dentro de um estacionamento em direção a Rua, o Taxista pisou no freio, deslizou e escapou de bater por um triz, o Motorista do outro Veículo começou a gritar nervosamente, o Taxista apenas sorriu e acenou para o cara fazendo sinal de positivo com o dedão, e ele o fez de maneira amigável...O Escritor Passageiro, indignado perguntou-lhe Como pode fazer isso ?, o Cidadão quase arruinou o seu Carro e nos mandou para o Hospital ?, foi quando o Motorista lhe ensinou aquilo que ele agora chamaria de Lei do Caminhão de Lixo...Como um Filósofo do Cotidiano passou a explicar ao ilustre passageiro que muitas Pessoas são como Caminhões de Lixo, andam por ai carregados de Lixo cheio de Frustrações, cheios de Raiva, Traumas e Desapontamentos, a medida em que suas Pilhas de Lixo crescem eles precisam de lugar para descarregar e por vezes descarregam sobre a gente. E continuou o Taxista...Não tome isso pessoalmente, isso não é problema seu, apenas sorria, acene, deseje-lhes o bem e vá em frente, não pegue o Lixo de tais Pessoas e nem espalhe para outras no Trabalho, em Casa ou nas Ruas, fique tranqüilo, respire e deixe o Lixeiro passar...O princípio disso e que as Pessoas felizes não deixem os Caminhões de Lixo estragarem seu dia. A Vida é muita curta, não leve Lixo, deixe o sentimentos ruins, picuinhas pessoais e frustrações de lado, Ame as Pessoas que te tratam bem e tratem bem as que não o fazem. A vida e dez por cento o que você faz dela e noventa maneira com que você a recebe...E finalizando tão bem quanto o faz o colunista supra,´´ Tenha uma Boa Semana, Livre-se do Lixo, Seja Feliz``.... Viva Au Vida.


Dedicado a leitora Marcia Gujanwski.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

LEPIDÓPTERO


Tarde de primavera, inesperadamente uma pequena Borboleta entrou pela janela, deu umas voltas ás cegas, foi quando a luz guiou-a para uma das janelas fechadas...Em vão, tentava passar, e desesperada debatia-se contra o vidro tentando sair. Eu latia tentando ajudar a indicar o caminho de uma janela aberta ma ela estava demasiada assustada, só via a liberdade tão próxima e inacessível... Por fim, cansada e sem compreender o obstáculo invisível, parou de asa abertas como se dela viesse a força para transpor o vidro. Me aproximei e pude ver como era linda e delicada...Para aquela vida tão breve cada minuto é precioso, comecei a temer por ela, que continuasse a se debater contra o objeto transparente e suas forças se esvaíssem. Só se ouvia o rufar daquele pequeno ser alado, comecei lentamente a me afastar para que se acalmasse, fui andando para trás sem tirar-lhe os olhos, quando para minha surpresa, começou a voar de móveis em móveis , obstáculo a obstáculo a me acompanhar...Fui seguindo em direção da janela aberta do outro lado da Sala e a colorida continuava vindo em minha direção, quando ao se aproximar, uma lufada de vento como uma grande e dócil Mão conduziu o Lepidóptero para fora do cativeiro...Segui o vôo num silêncio cúmplice e feliz. Era linda, batendo as Asas coloridas contra o azul do céu ela foi subindo, subindo, sumindo, só voltou para estar nessa breve história...Viva au Vida.


Dedicado a leitora Marina Silva.

domingo, 4 de outubro de 2009

A GALINHA NOS DAI HOJE

Tive a oportunidade de ler uma crônica de Veríssimo em que os cientistas fizeram a tardia descoberta ( melhor que nunca ) de que o Ovo afinal não faz mal a saúde...Durante anos aterrorizavam, Ovos eram Bombas de Colesterol, não eram apenas desaconselháveis, Eram Mortais. Você podia calcular em dias o tempo de vida perdida cada vez que comia uma Gema ...Ainda o cronista lembrava do pesar dos Cardíacos frente ao Ovo e a sua própria Renuncia Digna de Indenização, afinal renunciá-lo não é pouca coisa. Uma Gema intacta sobre uma porção de Ração traz um daqueles momentos de prazer supremo quando se rompe a fina membrana que o separa do êxtase e desmancha o líquido quente e viscoso que se espalha sobre os Flocos tornando impossível para nós deixarmos qualquer vestígio na vasilha... A sempre menosprezada Galinha generosamente nos fornece essa Obra de Arte todos os dias, e na maioria das vezes de forma bem acessível... Quando você leitor estiver preparando-se para saborear tal iguaria comparada aos néctar dos Deuses ( Quem não goste de Ovos que me perdoe tal euforia), e que fora por tanto tempo discriminada, lembre-se de seu Animalzinho de estimação e coloque mais um para cozinhar, Junte-se a ele, saboreie e Viva au Vida.


Dedicada a leitora Cida Marques.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

BONDADE E BENEVOLÊNCIA


Uma Senhora de 50 e tantos anos muito forte e cheia de vida, ninguém poderia imaginar que era portadora de tão cruel doença que a levou. Sentada em um poltrona na varanda da casa cercada do que mais amava na vida deu seu ultimo suspiro...Dona Vilma foi e sempre será lembrada pela Bondade e Benevolência que cercou sua existência. A primeira vez que tive a oportunidade de vê-la em ação estava levando para Casa um pequeno Cachorro que havia sido atropelado há umas duas quadras de distância, lá vinha ela com o animal em seus braços...Anjo da Guarda da Cachorrada, recolhia e abrigava a todos que necessitavam até que se recuperassem ou fossem adotados, vivia a procura de donos para seus protegidos, não queria deixar nenhum desamparado...Claro que recebia críticas dos vizinhos, já teve 30 hospedes de uma só vez, quintal grande se tornava pequeno com aquela grande família. Dona de um Coração imensurável, ilimitado, infinito, que Baita saudade que deixou Dona Vilma, um pequeno Oasis no meio desse mundo frio....Quando foi levada de nós os vizinhos chamaram o controle de Zoonose do Município e por sorte, uma alma com bom senso ligou para uma Ong que faz o mesmo trabalho que nossa Heroína e acolheu a maior parte dos assistidos...O bairro nunca mais foi o mesmo, perdemos uma porção de referencia, tenho certeza que Dona Vilma deve estar em algum lugar olhando por nós e se agora pudesse mandaria um grande `` -Felicidade a Todos ´´ e um não menos `` Viva au Vida ´´.


Dedicado ao leitor Victor Hugo Napoleão Barbosa.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

PEDRAS PELO CAMINHO


Descia a Rua Rápido e Faceiro, o vento soprava a seu favor, o Sol lhe tocava dando um brilho todo especial...Não pode ter vindo de muito longe mesmo porque dos percalços da jornada, obstáculos como colocados de forma proposital para que não desse continuidade em seu rumo, naquilo que fora criado para ser feito...Todos estamos sujeitos a Pedras pelo caminho mas são encontros ou sabores do acaso e cheios de interesses, por vezes extraordinários mas nada de grave ou mesmo Patético que através dessa figura singela poderíamos esperar...O tempo se vai e as dificuldades aumentam, não se cruza águas sujas sem que fiquem alguns respingos, as correntezas por sua vez não são fortes para sempre, e os caminhos a percorrer começam a se estreitar , mas valente e destemido nada o detém... E pensar que em algum momento ele fora esculpido em um ato artístico, colocado no rumo devido e acompanhado com os olhos orgulhosos até se perder ao horizonte...Vejo o pequeno Barquinho de Papel em sua jornada numa correnteza pela guia da calçada pós precipitação fluvial , quando entre nuvens o Astro Rei vem saudar seus súditos. A pequena embarcação leva nostalgia e trás lembranças até que encontre na sarjeta a tubulação que reivindicará seu naufrágio...Se prestasse muita atenção conseguiria ouvir ao fundo a saudosa Nara Leão : - Dia de luz festa de sol e o Barquinho a deslizar no macio azul do Mar,

Tudo e verão o Amor se faz num Barquinho pelo Mar que desliza sem parar....Viva au Vida


Dedicada a leitora Helena.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

UMBRELLA

Sai inverno, entra Primavera e continua a chover. É possível ser feliz com um Céu perpetuamente nublado ?,,,Já diz o ditado que quem está na Chuva é para se molhar mesmo para proprietários de Guarda-Chuva. Este arcaico anteparo contra os elementos tem conservado sua precariedade ao longo de centenas de anos...Sobreviveu à Revolução Industrial e, em meio a Torós, Garoas e Orvalhos alcançou a Revolução Informática sem ser afetado pela inevitável expansão dinâmica das transformações...Não se extinguiu tampouco se desenvolveu como quase tudo ao nosso redor. Fato é que, ou as coisas acompanham a passagem do tempo, ou são engolidas por ele...Está certo que já se dispõe de protetores multicoloridos e engenhocas que compactam de tal forma que podem ser convenientemente ocultados, mas sua inoperância diante de uma tempestade seria uma limitação tecnológica ...Dia atrás assistia pela janela desabar um aguaceiro acompanhado de rajadas de vento que gemiam como cansados Irmãos Caninos cheios de dolorida melancolia. Os transeuntes brigando com as ingovernáveis varetas recobertas de tecido, contorcendo-se em uma agonia nervosa como se lutassem com um enorme Pássaro ( mais parece um Morcego ) até que em determinado momento o objeto vira ao avesso e enquanto um involuntário Banho lhe encharca as vestes, seu infeliz proprietário começa argumentar com a coisa. Em geral a Altercação revela-se inútil, o Guarda-Chuva está definitivamente danificado... Com sucesso, só aquele que entoa a cantora Pop Rihanna: - Ella, ella, eh eh eh Under my umbrella...Viva Au Vida.


Dedicado a leitora Graça Loureiro.