O texto abaixo foi copiado da coluna "Porandubas Políticas", de autoria do Prof. Gaudêncio Torquato.
Encenação da Paixão de Cristo numa cidadezinha da Paraíba.
O dono do circo, em passagem pela cidade, resolveu encenar a Paixão de Cristo na sexta-feira santa. Elenco escolhido dentre os moradores e no papel de Cristo, o cara mais gato da cidade. Ensaios de vento em popa. Às vésperas do evento, o dono do circo soube que 'Jesus' estava de caso com sua mulher. Furioso, deu-se conta que não podia fazer escândalo sob pena de perder o investimento. Bolou uma maneira. Comunicou ao elenco que iria participar fazendo o papel do 'centurião'.
- Como ? - reclamaram - Você não ensaiou!
- Não é preciso ensaiar, porque centurião não fala!
O elenco teve que aceitar. Dono é dono. Chegou o grande dia. Cidade em peso compareceu. No momento mais solene, a plateia chorosa em profundo silêncio. Jesus carregando a cruz ... e o 'centurião' começa a dar-lhe chicotadas.
- Oxente, cabra, tá machucando! Reclamou Jesus, em voz baixa.
- É pra dar mais veracidade à cena, devolveu o centurião.
E tome mais chicotada. Chicote comendo solto no lombo do infeliz. Até que Jesus enfureceu-se, largou a cruz no chão, puxou uma peixeira e partiu pra cima do centurião:
- Vem, desgraçado! Vem cá que eu vou te ensinar a não bater num indefeso!
O centurião correndo, Jesus com a peixeira correndo atrás, e a plateia em delírio gritando:
- É isso aí! Fura ele, Jesus! Fura, que aqui é a Paraíba, não é Jerusalém, não!