Em um Domingo pela manhã era o grande momento de sua vida, arquibancada do Campo do Formigão lotada de torcedores prós e contras...A Bola sobre a marca do Pênalti e a várzea em silêncio, Zero X Zero o Placar, Francisco, Borracheiro de profissão, no momento Atacante pronto para decidir o Campeonato entre Bairros, já nos acréscimos do segundo tempo contra o pobre Goleiro que naquele momento só podia contar com a sorte, Chicão, o Carrasco Impiedoso aguardando ansiosamente a autorização do Árbitro, o título teria um gostinho especial, seria contra o grande e tradicional rival de outras peladas representante do Bairro vizinho...Era excitante, Chicão era pura confiança,mas, laconicamente, essas habituais Fanfarronices Futebolísticas, sobretudo da Catimba do Futebol Amador, veio a aterrorizar o Paladino...Naquele momento do aguardado sopro do Juiz, em nome da desconcentração adversária , em cima da linha lateral do Campo, Paulinho seu filho mais novo, conhecidíssimo de todos ali presente juntamente com o fiel Cachorro Dudu, gritava ao Pai recados da Mãe, Dona Silvia questionava a falta de Gás de Cozinha...O Atleta gelou da cabeça aos pés , como pode esquecer de comprar o GLP pedido por vezes um dia antes pela impaciente cônjuge ?, Dona Silvia agora ofuscava a memorável cena esportiva fazendo Chicão titubear...A glória do título ficaria sem brilho diante da ira da Esposa que aguardava visitas para aquela tarde, a torcida adversária aproveitando o momento de constrangimento de Francisco improvisou um coro com o novo ídolo : - Dona Silvia, Dona Silvia...Chicão, o Mito do Morro da Querosene era motivo de Caçoagem Geral, apesar da força de seus companheiros, após o apito, Dito e Feito, Bola aos ares e a euforia adversária noite adentro...Dois minutos após o desfecho já não se via nem Chicão, nem o filho, tão pouco Dudu...Passou duas semanas até ver o jogador de volta ao time, como já se diz, Futebol é uma caixinha de surpresas que vem aos quarenta e oito minutos do segundo...Viva au Vida.
Dedicado a Leitora Carla.