Estava deitada na passarela sem saber o que lhe aconteceria...Como fora cair de costas e ficar lá estatelada ao chão aguardando o inusitado, o inesperado ?..E o Sol ? como será ficar queimando viva pelo Astro Rei ? E a Chuva ? qualquer chuva maior que uma garoa iria lhe causar um grande problema...Talvez ficar à mercê das intempéries do tempo não seja nada perto do medo daqueles que ali vão passar, alguns vão virar o rosto e fingir que não a vêem, outros podem por pura maldade lhe chutar ali caída sem nada poder fazer para se defender...O Dorso contra aquele piso frio esperando o pior, se ao menos pudesse se virar-se, ou que uma alma caridosa ao passar possa ajudar a levantar-se e sair daquela posição indigna. Que peça a vida lhe pregará...Eu, ao colo e a distância, olhava para aquele solitário e sombrio dilema existencial sem nada poder fazer, ali ela permanecia inerte, a espera da morte...Eis que surge uma rajada de vento, sim, um sopro divino que balança os galhos das árvores se anunciando, aquela gostosa brisa que bate ao corpo e ameniza o calor, que mexe com os pêlos e faz os olhos fecharem por instantes...Vento este que pode ter iniciado o martírio descrito mas agora estava corrigindo o mal que à teria acometido, com uma lufada correndo entre as muretas de concreto virou-a delicadamente como uma mão envolta em luva de pelica...Sopro de vida, em disparada chegou ao fim do corredor, meus olhos continuavam a segui La, estava extasiada com o acontecido, consegui me esticando toda vê-la sumir dentro do bueiro no meio fio, a Barata estava salva...Viva a Vida.
Dedicado a Leitora Jaciara Pio.