domingo, 4 de outubro de 2009

A GALINHA NOS DAI HOJE

Tive a oportunidade de ler uma crônica de Veríssimo em que os cientistas fizeram a tardia descoberta ( melhor que nunca ) de que o Ovo afinal não faz mal a saúde...Durante anos aterrorizavam, Ovos eram Bombas de Colesterol, não eram apenas desaconselháveis, Eram Mortais. Você podia calcular em dias o tempo de vida perdida cada vez que comia uma Gema ...Ainda o cronista lembrava do pesar dos Cardíacos frente ao Ovo e a sua própria Renuncia Digna de Indenização, afinal renunciá-lo não é pouca coisa. Uma Gema intacta sobre uma porção de Ração traz um daqueles momentos de prazer supremo quando se rompe a fina membrana que o separa do êxtase e desmancha o líquido quente e viscoso que se espalha sobre os Flocos tornando impossível para nós deixarmos qualquer vestígio na vasilha... A sempre menosprezada Galinha generosamente nos fornece essa Obra de Arte todos os dias, e na maioria das vezes de forma bem acessível... Quando você leitor estiver preparando-se para saborear tal iguaria comparada aos néctar dos Deuses ( Quem não goste de Ovos que me perdoe tal euforia), e que fora por tanto tempo discriminada, lembre-se de seu Animalzinho de estimação e coloque mais um para cozinhar, Junte-se a ele, saboreie e Viva au Vida.


Dedicada a leitora Cida Marques.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

BONDADE E BENEVOLÊNCIA


Uma Senhora de 50 e tantos anos muito forte e cheia de vida, ninguém poderia imaginar que era portadora de tão cruel doença que a levou. Sentada em um poltrona na varanda da casa cercada do que mais amava na vida deu seu ultimo suspiro...Dona Vilma foi e sempre será lembrada pela Bondade e Benevolência que cercou sua existência. A primeira vez que tive a oportunidade de vê-la em ação estava levando para Casa um pequeno Cachorro que havia sido atropelado há umas duas quadras de distância, lá vinha ela com o animal em seus braços...Anjo da Guarda da Cachorrada, recolhia e abrigava a todos que necessitavam até que se recuperassem ou fossem adotados, vivia a procura de donos para seus protegidos, não queria deixar nenhum desamparado...Claro que recebia críticas dos vizinhos, já teve 30 hospedes de uma só vez, quintal grande se tornava pequeno com aquela grande família. Dona de um Coração imensurável, ilimitado, infinito, que Baita saudade que deixou Dona Vilma, um pequeno Oasis no meio desse mundo frio....Quando foi levada de nós os vizinhos chamaram o controle de Zoonose do Município e por sorte, uma alma com bom senso ligou para uma Ong que faz o mesmo trabalho que nossa Heroína e acolheu a maior parte dos assistidos...O bairro nunca mais foi o mesmo, perdemos uma porção de referencia, tenho certeza que Dona Vilma deve estar em algum lugar olhando por nós e se agora pudesse mandaria um grande `` -Felicidade a Todos ´´ e um não menos `` Viva au Vida ´´.


Dedicado ao leitor Victor Hugo Napoleão Barbosa.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

PEDRAS PELO CAMINHO


Descia a Rua Rápido e Faceiro, o vento soprava a seu favor, o Sol lhe tocava dando um brilho todo especial...Não pode ter vindo de muito longe mesmo porque dos percalços da jornada, obstáculos como colocados de forma proposital para que não desse continuidade em seu rumo, naquilo que fora criado para ser feito...Todos estamos sujeitos a Pedras pelo caminho mas são encontros ou sabores do acaso e cheios de interesses, por vezes extraordinários mas nada de grave ou mesmo Patético que através dessa figura singela poderíamos esperar...O tempo se vai e as dificuldades aumentam, não se cruza águas sujas sem que fiquem alguns respingos, as correntezas por sua vez não são fortes para sempre, e os caminhos a percorrer começam a se estreitar , mas valente e destemido nada o detém... E pensar que em algum momento ele fora esculpido em um ato artístico, colocado no rumo devido e acompanhado com os olhos orgulhosos até se perder ao horizonte...Vejo o pequeno Barquinho de Papel em sua jornada numa correnteza pela guia da calçada pós precipitação fluvial , quando entre nuvens o Astro Rei vem saudar seus súditos. A pequena embarcação leva nostalgia e trás lembranças até que encontre na sarjeta a tubulação que reivindicará seu naufrágio...Se prestasse muita atenção conseguiria ouvir ao fundo a saudosa Nara Leão : - Dia de luz festa de sol e o Barquinho a deslizar no macio azul do Mar,

Tudo e verão o Amor se faz num Barquinho pelo Mar que desliza sem parar....Viva au Vida


Dedicada a leitora Helena.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

UMBRELLA

Sai inverno, entra Primavera e continua a chover. É possível ser feliz com um Céu perpetuamente nublado ?,,,Já diz o ditado que quem está na Chuva é para se molhar mesmo para proprietários de Guarda-Chuva. Este arcaico anteparo contra os elementos tem conservado sua precariedade ao longo de centenas de anos...Sobreviveu à Revolução Industrial e, em meio a Torós, Garoas e Orvalhos alcançou a Revolução Informática sem ser afetado pela inevitável expansão dinâmica das transformações...Não se extinguiu tampouco se desenvolveu como quase tudo ao nosso redor. Fato é que, ou as coisas acompanham a passagem do tempo, ou são engolidas por ele...Está certo que já se dispõe de protetores multicoloridos e engenhocas que compactam de tal forma que podem ser convenientemente ocultados, mas sua inoperância diante de uma tempestade seria uma limitação tecnológica ...Dia atrás assistia pela janela desabar um aguaceiro acompanhado de rajadas de vento que gemiam como cansados Irmãos Caninos cheios de dolorida melancolia. Os transeuntes brigando com as ingovernáveis varetas recobertas de tecido, contorcendo-se em uma agonia nervosa como se lutassem com um enorme Pássaro ( mais parece um Morcego ) até que em determinado momento o objeto vira ao avesso e enquanto um involuntário Banho lhe encharca as vestes, seu infeliz proprietário começa argumentar com a coisa. Em geral a Altercação revela-se inútil, o Guarda-Chuva está definitivamente danificado... Com sucesso, só aquele que entoa a cantora Pop Rihanna: - Ella, ella, eh eh eh Under my umbrella...Viva Au Vida.


Dedicado a leitora Graça Loureiro.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O LIXO NOSSO DE CADA DIA


  1. Sempre com três ou até quatro Cachorros fieis companheiros para todas as horas ou pelo menos pela madrugada . Quem quer encontrá-lo tem que cedo acordar e andar pelas ruas da Vila. Em uma delas vai estar Sr. Miranda, Mira do Ferro Velho como e conhecido por essas bandas...Com um carrinho de mão ao lado da Cachorrada cruza as vias atrás daquilo que há outros não serve, mais precisamente o lixo...Revira todos os sacos que encontra a procura de Alumínio, Papelão, Garrafas, qualquer coisa que possa ser vendida para reciclar...O horário pitoresco é pelo fato de ter que chegar ao lixo alheio antes da regular coleta da Prefeitura . Outro motivo que alega e que recolhe cedo, vende cedo e garante a primeira refeição da turminha da sua humilde moradia, diz : - Vamos Salvar o Café da Manhã. O Almoço e outra história...Sempre vejo Sr. Miranda pelas manhãs ensolaradas percorrendo as ruas a procura do sustento. Descobri suas atividades noturnas certo dia que insone levantei pela duas da matina, ouvi barulho vindo da rua e subi ao Braço do Estofado e em seguida na Mesa do pequeno Quarto que se tornou Escritório, lugar onde costumo olhar a rua pelas frestas da janela, lá estava ele com o carrinho muito cheio fazendo uma força descomunal para arrastá-lo, a noite haveria de ter sido farta de material mas era penoso o transporte...Fiquei admirada e ao mesmo tempo comovida da dura vida de Sr. Miranda, seu ganha pão e nosso lixo, que nunca lhe falte...Viva Au Vida

Dedicado ao leitor Jorge.


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

BEIJA-FLORES

Penduraram no toldo de fronte a loja de ração, um depósito de água açucarada, um arranjo de Flores Artificiais para atrair Beija-Flores...E eles vieram, pelo menos reconhecidamente uns dois...Vieram e se tornaram visitantes diários exigindo das pessoas da loja o hábito, também Fiel ao Extremo de manter o repositório de água açucarada sempre cheio...Sua presença natural revela que mesmo as custas da Artificialidade das Flores de Plástico é possível a convivência pacífica da maravilhosa espécie com o Homem, Espantalho por Natureza...Assisto pela calçada a Fidelidade dos Beija-Flores atraídos que são pela fonte doce das flores cotidianamente reposta por mãos zelosas...Pela simples manutenção desse Acordo Silencioso, tácito, os seus companheiros ( não poderia esquecer de dizer que tal arranjo atrai pássaros de outra espécie), no entanto, além, de Colorirem o ambiente ainda acham por bem Trinar em frente a loja ou até mesmo dentro dela, chamando a atenção das manobras na tentativa de se Agarrar-se a Flor Suspensa...Os Beija-Flores, graças as suas habilidades aéreas inatas, conseguem abiscoitar as gotículas açucaradas com relativa facilidade, seus pares não, irrequietos pousando aqui e ali, se equilibram nas hastes do toldo que protege a entrada do comércio....Duvido haver espetáculo mais belo que aquele que os lindos voadores proporcionam... Ali a Vida Transborda mesmo que a Flor seja artificial e o açúcar seja industrial ( Sem dimensionar os efeitos disso no metabolismo das Pássaros )...Frente a isso, com a Impassividade da Espantalha Escrevente , pergunto como pode haver mentalidades escravistas e possessivas para capturar a beleza ?, Auferir ganhos com a fragilidade da vida silvestre ?... Praticas que expõe cruelmente a diversidade de faces da natureza humana...Pássaros, Que Sejam Livres , como já dizia o Poeta :- Os Pássaros, cumprindo sua natureza irrequieta e errante, devem tão somente livres, compor a elegia da liberdade....Viva Au Vida.


Dedicado a leitora Cida Marques.

domingo, 13 de setembro de 2009

CAIXINHA DE SURPRESAS

Em um Domingo pela manhã era o grande momento de sua vida, arquibancada do Campo do Formigão lotada de torcedores prós e contras...A Bola sobre a marca do Pênalti e a várzea em silêncio, Zero X Zero o Placar, Francisco, Borracheiro de profissão, no momento Atacante pronto para decidir o Campeonato entre Bairros, já nos acréscimos do segundo tempo contra o pobre Goleiro que naquele momento só podia contar com a sorte, Chicão, o Carrasco Impiedoso aguardando ansiosamente a autorização do Árbitro, o título teria um gostinho especial, seria contra o grande e tradicional rival de outras peladas representante do Bairro vizinho...Era excitante, Chicão era pura confiança,mas, laconicamente, essas habituais Fanfarronices Futebolísticas, sobretudo da Catimba do Futebol Amador, veio a aterrorizar o Paladino...Naquele momento do aguardado sopro do Juiz, em nome da desconcentração adversária , em cima da linha lateral do Campo, Paulinho seu filho mais novo, conhecidíssimo de todos ali presente juntamente com o fiel Cachorro Dudu, gritava ao Pai recados da Mãe, Dona Silvia questionava a falta de Gás de Cozinha...O Atleta gelou da cabeça aos pés , como pode esquecer de comprar o GLP pedido por vezes um dia antes pela impaciente cônjuge ?, Dona Silvia agora ofuscava a memorável cena esportiva fazendo Chicão titubear...A glória do título ficaria sem brilho diante da ira da Esposa que aguardava visitas para aquela tarde, a torcida adversária aproveitando o momento de constrangimento de Francisco improvisou um coro com o novo ídolo : - Dona Silvia, Dona Silvia...Chicão, o Mito do Morro da Querosene era motivo de Caçoagem Geral, apesar da força de seus companheiros, após o apito, Dito e Feito, Bola aos ares e a euforia adversária noite adentro...Dois minutos após o desfecho já não se via nem Chicão, nem o filho, tão pouco Dudu...Passou duas semanas até ver o jogador de volta ao time, como já se diz, Futebol é uma caixinha de surpresas que vem aos quarenta e oito minutos do segundo...Viva au Vida.


Dedicado a Leitora Carla.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

ARTISTAS DA VIDA


Estão nos Semáforos das ruas principais ou defronte aos grandes comércios, sempre se aproximam ao me ver e começam tilintar com os dedos no vidro do carro abrindo um inocente e grande sorriso...É só parar o veículo que em seguida será assediado por um exército de meninos e meninas, pequenos trabalhadores, boêmios precoces, olhares languidos e famélicos, vendedores de bugigangas, guloseimas, mulheres androjas com recém nascidos no colo e pedintes, enfim, toda uma fauna de excluídos e alternativos...Nesse meio se destacam alguns pequenos malabaristas, não só da vida, literalmente com limões, laranjas, pedaços de paus, bolas de borracha ou qualquer coisa que se lança para cima e pega alternando as mãos...Alguns desajeitados com os pés descalços, roupas e rosto sujos vendendo arte, talvez não a altura da qualidade que se espera mas pela pureza da natureza...Pequenos ( alguns nem tanto ) artistas do circo social, extrato segregado servindo como exemplo da extensão da miséria econômica, pior, em franca expansão...Poucos são recíprocos com a humilde apresentação , para alguns são irritantes, cedem algum valor insignificante para livrar-se mais rápido daquele incomodo...O mundo não quer vê-los e quando fazem os enxerga como pragas, mas são só sobreviventes atuando no amplo palco da indiferença...Viva au Vida.


Dedicado a leitora Sonia Lima.

domingo, 6 de setembro de 2009

PAPAGAIO VELHO

Nunca teve email, nunca teve um celular, nunca sequer esteve ao volante de um veículo... tem uma raiva imensa quando alguém tira do bolso qualquer aparelho eletrônico...Computador jamais foi lhe apresentado, e ele assim o quer , não existe a menor probabilidade de sentar-se a frente de um Monitor...Sua grande paixão é um velho Piano que ganhou ainda menino de seus Pais , vez ou outra ouve-se um Dedilhar Pianistico vindo de sua casa mais precisamente do porão onde o grande instrumento esta instalado desde a ultima reforma na laje da sala de estar que com o tempo havia cedido ao cutucar dos pingos da chuva ...A muitos anos atrás dividia os teclados com sua Mãe que tocava divinamente mas não obteve sucesso em ensiná-lo, tirava algumas antiga marchinhas que lhe custaram varias horas na pequena banqueta redonda, mas o fazia encher os olhos de lágrimas relembrando o distante passado...As notas tiradas vez ou outra acompanhadas pelos uivos da Cachorrada da vizinhança foram se tornando mais freqüentes pela presença dos netos ao seu redor , tentava achar entre eles algo diferente de sua pretensa vocação trazida da infância com um complexo, como o tempo já se achava um pouco comprometida pela confirmação melancólica de que Papagaio velho não aprende a falar, que dirá tocar Piano...Contudo agora arrumou uma Professora, senhora muito simpática que passa por aqui duas vezes por semana em direção da casa do Sr. Luiz Fernando Lima, jovem Musicista que ao esplendor dos seus 78 anos esta tocando cada vez melhor...Viva au Vida.


Dedicado a leitora Simone Coelho.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

UMA HISTÓRIA DE AMOR

Afonso Souza e Silva , saiu aos 17 anos de Machado pequeno município ao Sul de Minas Gerais e veio para São Paulo com o mesmo intuito de tantos outros, ganhar a vida e buscar a linda Maria Francisca , sua namorada de 15 anos , para se casar...No dia que saiu, pelas idas de janeiro de 1970, dedicou-lhe o mais puro Amor e fazendo duas promessas : que jamais se interessaria por outra mulher e que, tão logo conseguisse dinheiro suficiente mandaria buscar sua amada...Arrumou emprego assim que chegou mas gastava muito para sobreviver com alimentação e moradia...O tempo foi passando, mudanças de endereços até prefixos de telefone foram lentamente fazendo Afonso perder contato com Maria e todo o seu passado....Se mantendo fiel a suas antigas promessas, Afonso que chegou ao bairro a anos, sempre teve como única companhia Cães da raça Rottweiler, dois ou até três soltos no quintal com muitas plantas e cercado de muros altos, passava Domingos inteiros a brincar com os Cachorros...No ano que passou, já com seus 55 anos e o rosto maltratado pelo tempo, Afonso teve notícias de Maria, que a mesma há muitos anos teria se casado mas que agora estava viúva e demonstrava enorme desejo de vê-lo ...Não pensando duas vezes, de posse de seu endereço, Afonso tudo largou e correu para Minas em busca do amor deixado. Nunca mais mandou notícias...Fico imaginando como será a vida deles, o que restou de sua linda História de amor após tanto tempo ? O que restou deles próprios de como eram quando se conheceram ?...Na aparência seria mais fácil encontrar sua linda Maria na agora sua neta. E nele ? Maria só veria aqueles cabelos grisalhos e um rosto desconhecido, distante daquela antiga paixão, e a inevitável comparação com o falecido Pai de seus filhos...Gostaria de imaginá-los felizes até o fim mas, 38 anos de separação ? Que espécie de felicidade será esta ? O Amor sujeito as imperfeições de cada um sem a grandeza da renúncia que o ceder poderia assegurar ?,,,Pobre Afonso, fiel ao seu juramento de namorado feito em um dia qualquer de 1970...Pobre Maria adolescente que no dia que viu seu Amor partir passou a desejar sempre sua volta...Ele com um heróico passado de solidão, ela tentando ignorar Marido, filhos e netos atrás de si....Dois velhos aflitos aproveitando o que resta de uma vida de esperança e de ilusão...Quanto ao destino dos seus Cachorros que aqui ficaram, conto-lhes em uma outra ...Viva a Vida.


Dedicado a leitora Mauri.