segunda-feira, 31 de agosto de 2009

UMA HISTÓRIA DE AMOR

Afonso Souza e Silva , saiu aos 17 anos de Machado pequeno município ao Sul de Minas Gerais e veio para São Paulo com o mesmo intuito de tantos outros, ganhar a vida e buscar a linda Maria Francisca , sua namorada de 15 anos , para se casar...No dia que saiu, pelas idas de janeiro de 1970, dedicou-lhe o mais puro Amor e fazendo duas promessas : que jamais se interessaria por outra mulher e que, tão logo conseguisse dinheiro suficiente mandaria buscar sua amada...Arrumou emprego assim que chegou mas gastava muito para sobreviver com alimentação e moradia...O tempo foi passando, mudanças de endereços até prefixos de telefone foram lentamente fazendo Afonso perder contato com Maria e todo o seu passado....Se mantendo fiel a suas antigas promessas, Afonso que chegou ao bairro a anos, sempre teve como única companhia Cães da raça Rottweiler, dois ou até três soltos no quintal com muitas plantas e cercado de muros altos, passava Domingos inteiros a brincar com os Cachorros...No ano que passou, já com seus 55 anos e o rosto maltratado pelo tempo, Afonso teve notícias de Maria, que a mesma há muitos anos teria se casado mas que agora estava viúva e demonstrava enorme desejo de vê-lo ...Não pensando duas vezes, de posse de seu endereço, Afonso tudo largou e correu para Minas em busca do amor deixado. Nunca mais mandou notícias...Fico imaginando como será a vida deles, o que restou de sua linda História de amor após tanto tempo ? O que restou deles próprios de como eram quando se conheceram ?...Na aparência seria mais fácil encontrar sua linda Maria na agora sua neta. E nele ? Maria só veria aqueles cabelos grisalhos e um rosto desconhecido, distante daquela antiga paixão, e a inevitável comparação com o falecido Pai de seus filhos...Gostaria de imaginá-los felizes até o fim mas, 38 anos de separação ? Que espécie de felicidade será esta ? O Amor sujeito as imperfeições de cada um sem a grandeza da renúncia que o ceder poderia assegurar ?,,,Pobre Afonso, fiel ao seu juramento de namorado feito em um dia qualquer de 1970...Pobre Maria adolescente que no dia que viu seu Amor partir passou a desejar sempre sua volta...Ele com um heróico passado de solidão, ela tentando ignorar Marido, filhos e netos atrás de si....Dois velhos aflitos aproveitando o que resta de uma vida de esperança e de ilusão...Quanto ao destino dos seus Cachorros que aqui ficaram, conto-lhes em uma outra ...Viva a Vida.


Dedicado a leitora Mauri.



sexta-feira, 28 de agosto de 2009

JAPONESINHA


Não é uma simples máquina que funciona como intermediária entre a Escritora e a escrita, não mesmo...O Computador estabelece uma surpreendente intimidade com o texto no momento de sua elaboração...Permite emendas, correções, acréscimos, supressões, transposições e parágrafos, com uma facilidade Milagrosa...Deve ter alguém lá dentro comandando tudo, deve ser uma Japonesinha e claro...Ela interage comigo constantemente, fala se eu errei, se eu acertei, se eu apaguei, se eu perdi, se vou salvar ou não, só me falta falar Meus Parabéns Kimberly Eu Te Amo...Imaginem a felicidade de Tolstoi se pudesse ter escrito Guerra e Paz como estou escrevendo agora esse texto ?... Essa Cachorrinha com certeza pagaria para ver o Grande Escritor Fiódor Dostoievski escrever Crime e Castigo elogiando a maciez do Teclado, as cores do Monitor, a graciosidade do Mouse e a sensatez da Japonesinha...Se assim o fosse , tomara que a pequena trabalhadora lembra-se os Russos a fazer um Backup ou imprimir as páginas que fosse escrevendo, seria louvável também que esse Computador tivesse um No-Break a Literatura Mundial seria muita agradecida...Viva a Vida.


Dedicado a Leitora Oksana.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

LIGEIRINHO

Já tinha lá seus 7 anos, sua Mãe anunciava a família que provavelmente seria atleta, passava a tarde toda a correr de um lado para outro, de esquina a esquina da rua....O Pai há muito abandonará a família, ...A Matriarca que agora trabalhava fora, deixava pela semana a guarda do Garoto para vizinha que dava sua olhadela no ligeiro Menino assim que o mesmo chegava da Escola, era o tempo de engolir qualquer coisa que a progenitora havia deixado sobre o fogão e sair para a rua correndo de um lado para outro...Em um desses dias encontrou Lica, uma pequena Cadela branca sem raça específica que passou a segui-lo em suas corridas, Lica o adotará... Desgostosa com essa correria sem nexo e mais agora a presença da Vira-Lata , a Mãe chegou a trancar o Guri em Casa, depois levá-lo a um Psicanalista, mas ao fim resignou-se...Comentava com os conhecidos que deveria ser falta da presença Paterna... Por aqui o pequeno já tinha a alcunha de Ligeirinho e aquelas corridas sem fim lhe proporcionaram uma outra atividade...Virou assim um leva e traz , um mensageiro dos Comerciantes e Moradores da região que davam pequenas encomendas ou recados para o veloz brejeiro em troca de algumas moedas...O tempo em marcha e as dificuldades financeiras atingiu a pequena família, o rapaz agora com 16 anos foi a labuta para ajudar...Assim foi o fim da correria do disparate, a fase adulta já lhe batia a porta e ele mesmo as folgas já não corria mais, sentava na calçada a brincar com Lica e a carregar dentro de si uma grande tristeza...A história virou por aqui uma lenda, na verdade desistiu de correr quando acabaram as esperanças, correrá sem parar para encontrar o Pai, Fora assim a última vez que se viram, corria pela rua quando seu Pai correu para ergue-lo nos Braços , mas isso foi a muito, muito tempo...Viva a Vida.


Dedicado a leitora Badiinha.

sábado, 22 de agosto de 2009

PASSÁRGADA



Apesar dessa Cachorrinha que vós escreve não ter a menor intenção de gastar essas poucas letras com o Cenário Político Nacional, mesmo porque adoro postar sobre os eventuais conflitos humanos ( ou caninos ) que me deparo no dia a dia, mas, fica cada vez mais difícil não comentar, ou pelo menos citar como faço agora assunto tão disputado por toda a mídia...Essa que é regada todo dia pela Tríade Oligofrênica ( debilidade, imbecilidade e idiotia ) que nossa classe Política tem hà certeza que acomete a População...Para estes, a convicção da reeleição e tão certa quanto a do enriquecimento ilícito e Brasília passou a ser Passárgada como assim escreveu o ilustre Poeta Manuel Bandeira onde Passárgada seria a Utopia, o lugar onde tudo se pode, tudo se realiza...Quando Bandeira redigiu a magnífica poesia não poderia imaginar a semelhança de Obra Literária com a sede do Governo federal :

Vou-me embora pra Passárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Passárgada...


Se você caro leitor tiver a curiosidade de saber se tal lugar realmente existiu ( ou existe lógico ! ) vai achar uma tal de Passagem Persa e algumas outras tantas mitologias escrita com um só (s) ou dois (ss)... Na minha Cãoversão , acredito que Passárgada seja simplesmente uma linguagem literária de um gênio que criou seu próprio mundo ideal e agora toma forma na mão de alguns ( vamos assim dizer ) Estadistas.

Que Manuel Bandeira perdoe essa Cachorrinha bem como os Eruditos Leitores, por usar um quinhão de sua obra para comparar com esses que protagonizam um espetáculo tão obsceno quanto os eleitos.

Em tempo, deixo aqui meu singelo protesto em virtude da comunidade Canina não ser munida do tal Título de Eleitor e assim criarmos a nossa Passárgada, afinal era só ser amigo do Rei.....Viva a Vida.


Dedicado a leitora Cleni.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

RAJADA DE VENTO


Estava deitada na passarela sem saber o que lhe aconteceria...Como fora cair de costas e ficar lá estatelada ao chão aguardando o inusitado, o inesperado ?..E o Sol ? como será ficar queimando viva pelo Astro Rei ? E a Chuva ? qualquer chuva maior que uma garoa iria lhe causar um grande problema...Talvez ficar à mercê das intempéries do tempo não seja nada perto do medo daqueles que ali vão passar, alguns vão virar o rosto e fingir que não a vêem, outros podem por pura maldade lhe chutar ali caída sem nada poder fazer para se defender...O Dorso contra aquele piso frio esperando o pior, se ao menos pudesse se virar-se, ou que uma alma caridosa ao passar possa ajudar a levantar-se e sair daquela posição indigna. Que peça a vida lhe pregará...Eu, ao colo e a distância, olhava para aquele solitário e sombrio dilema existencial sem nada poder fazer, ali ela permanecia inerte, a espera da morte...Eis que surge uma rajada de vento, sim, um sopro divino que balança os galhos das árvores se anunciando, aquela gostosa brisa que bate ao corpo e ameniza o calor, que mexe com os pêlos e faz os olhos fecharem por instantes...Vento este que pode ter iniciado o martírio descrito mas agora estava corrigindo o mal que à teria acometido, com uma lufada correndo entre as muretas de concreto virou-a delicadamente como uma mão envolta em luva de pelica...Sopro de vida, em disparada chegou ao fim do corredor, meus olhos continuavam a segui La, estava extasiada com o acontecido, consegui me esticando toda vê-la sumir dentro do bueiro no meio fio, a Barata estava salva...Viva a Vida.


Dedicado a Leitora Jaciara Pio.

domingo, 16 de agosto de 2009

AGOSTO MÊS DO CACHORRO LOUCO


Agosto, Mês do Desgosto, Mês do Cachorro Louco...Em meio as crendices Populares ainda me aparece a Famigerada Carrocinha bem como o Conto do Sabão que seria o capitulo final do animal recolhido pelo Centro de Zoonose...Se você não acredita em Papai Noel e no Coelhinho da Páscoa com certeza não ira procurar um Sabão em Pedra com a cara do seu amado amiguinho que se perdeu por ai, tão pouco necessita levar o animalzinho ao AUnalista...A Prefeitura não faz material de limpeza com o Perdidos, mas sacrifica o bichinho quando, após um determinado período, não aparece ninguém para adotá-lo... E a Raiva é uma doença do Ano inteiro com a mesma freqüência entre os meses...Essas informações, não são de grande valia para maioria dos leitores, foi só para ilustrar a história de Amêndoa Grande Cachorro morador dessas bandas...Da Raça Mastiff, desde que chegou filhote já era muito grande e pesado, foi adotado logo de cara pelo Sr. Joel, morador antigo do Bairro, trabalhou como motorista de ônibus por muitos anos e quando do fechamento da empresa por motivos financeiros montou uma borracharia na garagem de sua casa...Amêndoa apareceu como quem caiu de mudança, perdido que só ele, e passou a deitar-se no avanço de telhado da Borracharia a fim de se abrigar do Sol e Chuva, assim nasceu a amizade entre Sr.Joel e aquele que o mesmo batizou de Amêndoa ( quero crer que seja pela cor de sua pelagem )...O fato que vou descrever agora se deu a alguns anos atrás, foi uma terça feira no mês de Agosto, não passava de uma tarde preguiçosa quando surgiu no início da rua a falada Carrocinha, O motorista e um ajudante..É incrível a sensibilidade da Cachorrada para com essa equipe de funcionários Públicos, mal eles apontam na rua e começa estusiasmados latidos sem hora para parar, como não bastasse ao barulho ainda se desdobram para ver a passagem e o resultado da inesperada visita...Penduram-se sobre lajes e muros, esticam os Focinhos até onde podem aguentar pelas frestas dos portões, fazem o possível e o impossível para verem os acontecimentos em tempo real...Pelo menos daquele vez todo sacrifício foi válido, Amêndoa que passeava sossegado pelas calçadas foi o único a não se dar conta da sombria presença...De um só pulo, um jovem rapaz que entre as mãos segurava o perverso bastão com o laço na ponta, foi em direção a Amêndoa...Quando o Grandão percebeu o perigo desembestou a correr pela rua toda, e o dito cidadão a correr atrás dele, o problema e que se Amêndoa tivesse corrido para bem longe ou para dentro da Borracharia ( o que seria o esperado) resolveria o problema na hora, afinal o rapaz estava lá para cumprir sua obrigação com o menor esforço possível...Na contra mão do natural, Amêndoa ia e vinha pela rua, hora fugindo do lado oposto da viatura, hora correndo em direção, a cena curiosa chamou a atenção de todos que passavam... Nessa altura do campeonato, o motorista descera do carro e auxiliava também a tentativa de captura do Cachorro que continuava a correr e desvencilhar dos dois homens, Minutos se passaram e nada deles conseguirem laçar Amêndoa, a turma que assistia a disputa agora já era bem grande e já ensaiavam um coro de olé para as tentativas frustradas de laçar o animal, foi quando apareceu o Velho Joel que saiu da Borracharia para ver o que se passava e vendo quem era o protagonista do evento de bate pronto gritou : "- Já para Casa Amêndoa."...O Grandão no mesmo embalo que estava a correr, apontou em direção da Borracharia e em instantes já estava no fundo dessa...A Galera em volta fez uma festa como se ele tivesse marcado um gol, os funcionários da Prefeitura suados e cansados da história puseram-se a resmungar qualquer coisa a Sr.Joel, supostamente pelo fato do Cachorro estar na rua e não dentro de casa mas com certeza esse não ouviu nada, entraram no veículo e saíram rápidos dali ainda sobre vivas e vaias dos que assistiam a labuta do funcionalismo municipal...Desse acontecido em diante Sr.Joel deteve um pouco o ímpeto de Amêndoa para passear a vontade pelas ruas do bairro ,o Grandão passou a permanecer mais pela Borracharia ou o quintal da Casa...A certeza que ficou da história foi que Amêndoa passou a ser um herói da Cachorrada pelo tento que conquistou naquela tarde sobre a Carrocinha, para os mais crédulos não haverá tão cedo sabão de Amêndoa, três vivas ao Grandão, Viva a Vida.

Dedicado a leitora Vitória Lima.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

VELUDO

Em uma Nota do Jornal - Do Autor Sam Stall o Livro ´´ 100 Cães que mudaram a História da Civilização`` da Editora Prumo trás os animais que tiveram o poder de mudar os rumos do Mundo...O Título dessa obra em que ainda não tive oportunidade de tela em minhas Patas me faz lembrar de um Poema do Escritor Luiz Guimarães sobre o Cachorro Veludo que até acredito ser um personagem fictício más extremamente marcante para essa Cachorrinha que lhes escreve....Veludo pode não ser um dos Magníficos Cães citado na Obra supra nem tão pouco ter a ousadia de ser um protagonísta da história como a conhecemos mas não poderia perder a oportunidade de transcreve-lo aqui com todos os seus pontos e vírgulas e assim, dar ou não, o merecido crédito a esse que mudou a minha Biografia :
História de um Cão
Luiz Guimarães

Eu tive um cão. Chamava-se Veludo.Magro, asqueroso, revoltante, imundo,
para dizer numa palavra tudo,
foi o mais feio cão que houve no mundo.
Recebi-o das mãos dum camarada.
Na hora da partida, o cão gemendo,
não me queria acompanhar por nada.
Enfim - mau grado seu - o vim trazendo.

O meu amigo cabisbaixo, mudo,
olhava-o... O sol nas ondas se abismava...
"Adeus!" - me disse, e ao afagar Veludo
nos olhos seus o pranto borbulhava.
"Trata-o bem. Verás como rasteiro
te indicará os mais sutis perigos.
Adeus! E que este amigo verdadeiro
te console no mundo ermo de amigos."

Veludo, a custo, habituou-se à vida
que o destino de novo lhe escolhera;
sua rugosa pálpebra sentida
chorava o antigo dono que perdera.
Nas longas noites de luar brilhante,
febril, convulso, trêmulo, agitando
a sua cauda, caminhava errante,
à luz da lua - tristemente uivando.

Toussenel, Figuier e a lista imensa
dos modernos zoológicos doutores,
dizem que o cão é um animal que pensa.
Talvez tenham razão estes senhores.
Lembro-me ainda. Trouxe-me o correio,
cinco meses depois, do meu amigo,
um envelope fartamente cheio.
Era uma carta. Carta! Era um artigo,

contendo a narração miuda e exata
da travessia. Dava-me importantes
notícias do Brasil e de La Plata,
falava em rios, árvores gigantes,
gabava o steamer que o levou; dizia
que ia tentar inúmeras empresas.
Contava-me também que a bordo havia
mulheres joviais - todas francesas.

Assombrara-se muito da ligeira
moralidade que encontrou a bordo.
Citava o caso d'uma passageira...
Mil coisas mais de que me não recordo.
Finalmente, por baixo disso tudo,
em nota breve do melhor cursivo
recomendava o pobre do Veludo,
pedindo a Deus que o conservasse vivo.

Enquanto eu lia o cão, tranquilo e atento,
me contemplava, e - creia que é verdade,
vi, comovido, vi nesse momento
seus olhos gotejarem de saudade.
Depois lambeu-me as mãos, humildemente,
estendeu-se a meus pés silencioso
movendo a cauda, - e adormeceu contente,
farto d'um puro e satisfeito gozo.

Passou-se o tempo. Finalmente, um dia,
vi-me livre daquele companheiro.
Para nada Veludo me servia...
Dei-o à mulher d'um velho carvoeiro.
E respirei! "Graças a Deus! Já posso",
dizia eu, "viver neste bom mundo,
sem ter que dar, diariamente, um osso
a um bicho vil, a um feio cão imundo".

Gosto dos animais, porém prefiro
a essa raça baixa e aduladora,
um alazão inglês, de sela ou tiro,
ou uma gata branca cismadora.

Mal respirei, porém! Quando dormia
e a negra noite amortalhava tudo
sentí que à minha porta alguem batia.
Fui ver quem era. Abri. Era Veludo.
Saltou-me às mãos, lambeu-me os pés ganindo,
farejou toda a casa satisfeito
e, de cansado, foi rolar dormindo
como uma pedra, junto do meu leito.

Praguejei furioso. Era execrável
suportar esse hóspede importuno
que me seguia como o miserável
ladrão, ou como um pérfido gatuno.
E resolvi-me enfim. Certo, é custoso
dizê-lo em alta voz e confessá-lo.
Para livrar-me desse cão leproso
havia um meio só: era matá-lo.

Zunia a asa fúnebre dos ventos;
ao longe o mar, na solidão gemendo,
arrebentava em uivos e lamentos...
De instante em instante ia o tufão crescendo.
Chamei Veludo; ele seguia-me. Entanto,
a fremente borrasca me arrancava
dos frios ombros o revolto manto,
e a chuva meus cabelos fustigava...

Despertei um barqueiro. Contra o vento,
contra as ondas coléricas vogamos.
Dava-me força o torvo pensamento.
Peguei num remo e com furor remamos.
Veludo, à proa, olhava-me choroso
como o cordeiro no final momento.
Embora! Era fatal! Era forçoso
livrar-me, enfim, desse animal nojento.

No largo mar ergui-o nos meus braços
e arremessei-o às ondas,de repente...
Ele moveu gemendo os membros lassos,
lutando contra a morte. Era pungente.
Voltei à terra, entrei em casa. O vento
zunia sempre na amplidão profundo.
E pareceu-me ouvir o atroz lamento
de Veludo nas ondas moribundo.

Mas ao despir, dos ombros meus, o manto,
notei - oh grande dor! - haver perdido
uma relíquia que eu prezava tanto!
Era um cordão de prata: - eu tinha-o unido
contra o meu coração, constantemente,
e o conservava no maior recato,
pois minha mãe me dera essa corrente,
e, suspenso à corrente, o seu retrato.

Certo caira além, no mar profundo,
no eterno abismo que devora tudo.
E foi o cão, foi esse cão imundo
a causa do meu mal! Ah, se Veludo
duas vidas tivera, duas vidas
eu arrancara àquela besta morta
e àquelas vís entranhas corrompidas.
Nisto sentí uivar à minha porta.

Corrí, abri... Era Veludo! Arfava.
Estendeu-se a meus pés e docemente,
deixou cair da boca que espumava
a medalha suspensa da corrente.
Fora crível, oh Deus? Ajoelhado
junto do cão, estupefato, absorto,
palpei-lhe o corpo: estava enregelado.
Sacudi-o, chamei-o! Estava morto.

Esse Poema que trás a falta de limites que existe na ignorância humana já foi percorrido por meus olhos tantas vezes que o tenho gravado em minha mente, e todas as vezes que a ele dedico um naco do tempo tenho a mesma sensação, com os olhos cheios de lágrimas tenho a tristeza da morte de um Cão.

Dedicado a leitora Lú.

domingo, 9 de agosto de 2009

ALGUÉM

Alguém com um formato muito estranho,

Alguém com Pelos falhos sobre a Cabeça,

Alguém com 1,80 de altura, com uma grande Barriga que fora chegando lentamente sem ninguém perceber e se instalará em seu abdômen,

Alguém com Mãos e Pés grandes,

Alguém com o Rosto cansado dos anos e marcado pela vida,

Alguém que coordenou o vôo da Dona Cegonha que me trouxe para Casa,

Alguém que me alimentou quando tive fome, me aqueceu quando tive frio, me protegeu quando tive medo,

Alguém que com muita paciência me ensinou a conviver com todos,

Alguém que não ficou zangado comigo por muito tempo,

Alguém que está sempre preocupado com o meu bem estar,

Alguém que um dia me prestou uma linda homenagem e fez nascer O MUNDO DA KIM,

Alguém que eu chamo de Papai,

Alguém que faz minha vida melhor estando sempre ao meu lado.


Dedicado a todos os Papais.


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

DOPOSTE


Não sei o nome, provavelmente aqui por essas bandas ninguém o saiba, não tem hora certa para passar más passa todos os dias a não ser os mais chuvosos, e fácil de vê-lo vindo ao longe, figura inconfundível...Cabelos e Barba muito grande e grisalhos, deve ter arrumado briga feia com o Barbeiro afinal não vê tesoura ou navalha a muitos meses, ou será anos ?...Pelo cheiro que deixa no ar ao passar, as roupas, bem como o corpo todo também estão em desavença com a Torneira...Vocês caros leitores com certeza já estarão imaginando a essa altura se tratar de mais um Post a respeito de um Mendigo, um Andarilho qualquer , mais uma vítima da maldosa sociedade em que vivemos...Oras, não deixa de ser um fato, sim um andarilho com jeito de mendigo daqueles que muito provavelmente um dia saíram de uma vida considerada por nós comum para uma sem volta, más não para por aí , nosso protagonista tem uma característica mais marcante, ele da volta em Postes...isso mesmo, da volta em Postes que encontra pela frente, de Iluminação , de Sinalização, seja lá o que for, ele para e da duas voltas em torno do obstáculo, isso mesmo, nem uma nem três, exatamente duas, não importa se indo ou vindo, seja qual for a direção , lá está ele dando suas voltas em cada um que cruza...Como ninguém o vê mais ao anoitecer deve ter um local para se abrigar, afinal não vai passar dia em noite andando pelo Bairro a Girar por qualquer Coluna fincada ao Chão...Apelidos já lhes foi atribuídos e claro, Louco, Doido, Xarope, e por ai vai...Além dos Batismos não poderia faltar várias narrativas a seu respeito que não me atrevo contá-las pois são muitas e com a certeza de minha Incredulidade a respeito não faria jus a seus narradores , assim lhes adianto que tal figura gera estímulos a grande imaginação Humana e Canina e óbvio...Os Analistas de plantão acreditam ser uma grande problema de Depressão, Síndrome do Pânico ou algo que valha, que ouve vozes internas que justificaria o Cacoete, tudo manifestado por algum estado traumático no qual passou...Os Religiosos acreditam que a falta de fé em Deus, a distância da Igreja e as más influências tornariam o homem assim...Tem aqueles que atribuem seus problemas a uma certa Riqueza Anterior no qual a desenfreada luxúria o tornará um desequilibrado...No meio de tanta conversa e controvérsia até a Cachorrada tem sua versão ´´-Da um monte de voltas no Poste e não faz Xixi ? Simplesmente mais um ser Humano com defeito AUFF``... De certo, essas pitorescas pessoas como o DoPoste ( Assim que o chamo ) dão personalidade ao lugar em que vivemos , daqui a pouco ele tornará a passar calado pelas ruas dando suas viradas pelo caminho e estimulando a imaginação alheia ...No fundo acho que bem ao longe, distante dos olhares curiosos esse camarada deve parar e morrer de rir de tudo isso, deve guardar na memória a cara engraçada que fazem esses que através da Extravagante e Hereditária Vaidade Humana interpretam seus valores como universais......


Dedicado a leitora Mery.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

AUAUDIANDO

Estou Audiando em demasia o momento de escrever, gostaria de estar isnpirada e munida de assuntos para Coroar meus Ilustres Leitores com a melhor crônica escrita por uma Cachorinha...Na verdade gostaria de sugar do cotidiano algo pitoresco, único, vindo de não sei de onde ou sei lá o que, algo disperso no conteúdo Humano ou claro Canino....Tornara-se uma perseguição da eventualidade, do acidental, do flagrante da esquina, do acidente doméstico, do emprevisto, do por acaso...Não pense vocês que pouco escrevo, não , não, a verdade é que todo os dias escrevos as melhores crônicas que se possa postar para Brinda-lhes com melhor dos Conflitos Humanos,...mas ao dormir todo o discrito e relatado nas folhas de papel se torna ruim e sem qualquer fascinação...O sono passa ser meu maior crítico e espero nunca ser o único...Centrada nesse meu dilema pessoal, a espera de ser agraciada pela vida, quando ao passar pela calçada já ao iniciar da noite, lanço o olhar fora de mim, para a rua a minha frente onde vivem os assuntos, foi quando avistei o pequeno Cachorro que no momento atravessava a via sendo observado por aqueles grandes Olhos Iluminados que se aproximavam, uma buzina foi a última coisa que ouviu....Vou continuar Audiando o momento de escrever para que esteja inspirada e com menas tristeza....

Dedicado a leitora Eliana.