quarta-feira, 19 de agosto de 2009

RAJADA DE VENTO


Estava deitada na passarela sem saber o que lhe aconteceria...Como fora cair de costas e ficar lá estatelada ao chão aguardando o inusitado, o inesperado ?..E o Sol ? como será ficar queimando viva pelo Astro Rei ? E a Chuva ? qualquer chuva maior que uma garoa iria lhe causar um grande problema...Talvez ficar à mercê das intempéries do tempo não seja nada perto do medo daqueles que ali vão passar, alguns vão virar o rosto e fingir que não a vêem, outros podem por pura maldade lhe chutar ali caída sem nada poder fazer para se defender...O Dorso contra aquele piso frio esperando o pior, se ao menos pudesse se virar-se, ou que uma alma caridosa ao passar possa ajudar a levantar-se e sair daquela posição indigna. Que peça a vida lhe pregará...Eu, ao colo e a distância, olhava para aquele solitário e sombrio dilema existencial sem nada poder fazer, ali ela permanecia inerte, a espera da morte...Eis que surge uma rajada de vento, sim, um sopro divino que balança os galhos das árvores se anunciando, aquela gostosa brisa que bate ao corpo e ameniza o calor, que mexe com os pêlos e faz os olhos fecharem por instantes...Vento este que pode ter iniciado o martírio descrito mas agora estava corrigindo o mal que à teria acometido, com uma lufada correndo entre as muretas de concreto virou-a delicadamente como uma mão envolta em luva de pelica...Sopro de vida, em disparada chegou ao fim do corredor, meus olhos continuavam a segui La, estava extasiada com o acontecido, consegui me esticando toda vê-la sumir dentro do bueiro no meio fio, a Barata estava salva...Viva a Vida.


Dedicado a Leitora Jaciara Pio.

domingo, 16 de agosto de 2009

AGOSTO MÊS DO CACHORRO LOUCO


Agosto, Mês do Desgosto, Mês do Cachorro Louco...Em meio as crendices Populares ainda me aparece a Famigerada Carrocinha bem como o Conto do Sabão que seria o capitulo final do animal recolhido pelo Centro de Zoonose...Se você não acredita em Papai Noel e no Coelhinho da Páscoa com certeza não ira procurar um Sabão em Pedra com a cara do seu amado amiguinho que se perdeu por ai, tão pouco necessita levar o animalzinho ao AUnalista...A Prefeitura não faz material de limpeza com o Perdidos, mas sacrifica o bichinho quando, após um determinado período, não aparece ninguém para adotá-lo... E a Raiva é uma doença do Ano inteiro com a mesma freqüência entre os meses...Essas informações, não são de grande valia para maioria dos leitores, foi só para ilustrar a história de Amêndoa Grande Cachorro morador dessas bandas...Da Raça Mastiff, desde que chegou filhote já era muito grande e pesado, foi adotado logo de cara pelo Sr. Joel, morador antigo do Bairro, trabalhou como motorista de ônibus por muitos anos e quando do fechamento da empresa por motivos financeiros montou uma borracharia na garagem de sua casa...Amêndoa apareceu como quem caiu de mudança, perdido que só ele, e passou a deitar-se no avanço de telhado da Borracharia a fim de se abrigar do Sol e Chuva, assim nasceu a amizade entre Sr.Joel e aquele que o mesmo batizou de Amêndoa ( quero crer que seja pela cor de sua pelagem )...O fato que vou descrever agora se deu a alguns anos atrás, foi uma terça feira no mês de Agosto, não passava de uma tarde preguiçosa quando surgiu no início da rua a falada Carrocinha, O motorista e um ajudante..É incrível a sensibilidade da Cachorrada para com essa equipe de funcionários Públicos, mal eles apontam na rua e começa estusiasmados latidos sem hora para parar, como não bastasse ao barulho ainda se desdobram para ver a passagem e o resultado da inesperada visita...Penduram-se sobre lajes e muros, esticam os Focinhos até onde podem aguentar pelas frestas dos portões, fazem o possível e o impossível para verem os acontecimentos em tempo real...Pelo menos daquele vez todo sacrifício foi válido, Amêndoa que passeava sossegado pelas calçadas foi o único a não se dar conta da sombria presença...De um só pulo, um jovem rapaz que entre as mãos segurava o perverso bastão com o laço na ponta, foi em direção a Amêndoa...Quando o Grandão percebeu o perigo desembestou a correr pela rua toda, e o dito cidadão a correr atrás dele, o problema e que se Amêndoa tivesse corrido para bem longe ou para dentro da Borracharia ( o que seria o esperado) resolveria o problema na hora, afinal o rapaz estava lá para cumprir sua obrigação com o menor esforço possível...Na contra mão do natural, Amêndoa ia e vinha pela rua, hora fugindo do lado oposto da viatura, hora correndo em direção, a cena curiosa chamou a atenção de todos que passavam... Nessa altura do campeonato, o motorista descera do carro e auxiliava também a tentativa de captura do Cachorro que continuava a correr e desvencilhar dos dois homens, Minutos se passaram e nada deles conseguirem laçar Amêndoa, a turma que assistia a disputa agora já era bem grande e já ensaiavam um coro de olé para as tentativas frustradas de laçar o animal, foi quando apareceu o Velho Joel que saiu da Borracharia para ver o que se passava e vendo quem era o protagonista do evento de bate pronto gritou : "- Já para Casa Amêndoa."...O Grandão no mesmo embalo que estava a correr, apontou em direção da Borracharia e em instantes já estava no fundo dessa...A Galera em volta fez uma festa como se ele tivesse marcado um gol, os funcionários da Prefeitura suados e cansados da história puseram-se a resmungar qualquer coisa a Sr.Joel, supostamente pelo fato do Cachorro estar na rua e não dentro de casa mas com certeza esse não ouviu nada, entraram no veículo e saíram rápidos dali ainda sobre vivas e vaias dos que assistiam a labuta do funcionalismo municipal...Desse acontecido em diante Sr.Joel deteve um pouco o ímpeto de Amêndoa para passear a vontade pelas ruas do bairro ,o Grandão passou a permanecer mais pela Borracharia ou o quintal da Casa...A certeza que ficou da história foi que Amêndoa passou a ser um herói da Cachorrada pelo tento que conquistou naquela tarde sobre a Carrocinha, para os mais crédulos não haverá tão cedo sabão de Amêndoa, três vivas ao Grandão, Viva a Vida.

Dedicado a leitora Vitória Lima.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

VELUDO

Em uma Nota do Jornal - Do Autor Sam Stall o Livro ´´ 100 Cães que mudaram a História da Civilização`` da Editora Prumo trás os animais que tiveram o poder de mudar os rumos do Mundo...O Título dessa obra em que ainda não tive oportunidade de tela em minhas Patas me faz lembrar de um Poema do Escritor Luiz Guimarães sobre o Cachorro Veludo que até acredito ser um personagem fictício más extremamente marcante para essa Cachorrinha que lhes escreve....Veludo pode não ser um dos Magníficos Cães citado na Obra supra nem tão pouco ter a ousadia de ser um protagonísta da história como a conhecemos mas não poderia perder a oportunidade de transcreve-lo aqui com todos os seus pontos e vírgulas e assim, dar ou não, o merecido crédito a esse que mudou a minha Biografia :
História de um Cão
Luiz Guimarães

Eu tive um cão. Chamava-se Veludo.Magro, asqueroso, revoltante, imundo,
para dizer numa palavra tudo,
foi o mais feio cão que houve no mundo.
Recebi-o das mãos dum camarada.
Na hora da partida, o cão gemendo,
não me queria acompanhar por nada.
Enfim - mau grado seu - o vim trazendo.

O meu amigo cabisbaixo, mudo,
olhava-o... O sol nas ondas se abismava...
"Adeus!" - me disse, e ao afagar Veludo
nos olhos seus o pranto borbulhava.
"Trata-o bem. Verás como rasteiro
te indicará os mais sutis perigos.
Adeus! E que este amigo verdadeiro
te console no mundo ermo de amigos."

Veludo, a custo, habituou-se à vida
que o destino de novo lhe escolhera;
sua rugosa pálpebra sentida
chorava o antigo dono que perdera.
Nas longas noites de luar brilhante,
febril, convulso, trêmulo, agitando
a sua cauda, caminhava errante,
à luz da lua - tristemente uivando.

Toussenel, Figuier e a lista imensa
dos modernos zoológicos doutores,
dizem que o cão é um animal que pensa.
Talvez tenham razão estes senhores.
Lembro-me ainda. Trouxe-me o correio,
cinco meses depois, do meu amigo,
um envelope fartamente cheio.
Era uma carta. Carta! Era um artigo,

contendo a narração miuda e exata
da travessia. Dava-me importantes
notícias do Brasil e de La Plata,
falava em rios, árvores gigantes,
gabava o steamer que o levou; dizia
que ia tentar inúmeras empresas.
Contava-me também que a bordo havia
mulheres joviais - todas francesas.

Assombrara-se muito da ligeira
moralidade que encontrou a bordo.
Citava o caso d'uma passageira...
Mil coisas mais de que me não recordo.
Finalmente, por baixo disso tudo,
em nota breve do melhor cursivo
recomendava o pobre do Veludo,
pedindo a Deus que o conservasse vivo.

Enquanto eu lia o cão, tranquilo e atento,
me contemplava, e - creia que é verdade,
vi, comovido, vi nesse momento
seus olhos gotejarem de saudade.
Depois lambeu-me as mãos, humildemente,
estendeu-se a meus pés silencioso
movendo a cauda, - e adormeceu contente,
farto d'um puro e satisfeito gozo.

Passou-se o tempo. Finalmente, um dia,
vi-me livre daquele companheiro.
Para nada Veludo me servia...
Dei-o à mulher d'um velho carvoeiro.
E respirei! "Graças a Deus! Já posso",
dizia eu, "viver neste bom mundo,
sem ter que dar, diariamente, um osso
a um bicho vil, a um feio cão imundo".

Gosto dos animais, porém prefiro
a essa raça baixa e aduladora,
um alazão inglês, de sela ou tiro,
ou uma gata branca cismadora.

Mal respirei, porém! Quando dormia
e a negra noite amortalhava tudo
sentí que à minha porta alguem batia.
Fui ver quem era. Abri. Era Veludo.
Saltou-me às mãos, lambeu-me os pés ganindo,
farejou toda a casa satisfeito
e, de cansado, foi rolar dormindo
como uma pedra, junto do meu leito.

Praguejei furioso. Era execrável
suportar esse hóspede importuno
que me seguia como o miserável
ladrão, ou como um pérfido gatuno.
E resolvi-me enfim. Certo, é custoso
dizê-lo em alta voz e confessá-lo.
Para livrar-me desse cão leproso
havia um meio só: era matá-lo.

Zunia a asa fúnebre dos ventos;
ao longe o mar, na solidão gemendo,
arrebentava em uivos e lamentos...
De instante em instante ia o tufão crescendo.
Chamei Veludo; ele seguia-me. Entanto,
a fremente borrasca me arrancava
dos frios ombros o revolto manto,
e a chuva meus cabelos fustigava...

Despertei um barqueiro. Contra o vento,
contra as ondas coléricas vogamos.
Dava-me força o torvo pensamento.
Peguei num remo e com furor remamos.
Veludo, à proa, olhava-me choroso
como o cordeiro no final momento.
Embora! Era fatal! Era forçoso
livrar-me, enfim, desse animal nojento.

No largo mar ergui-o nos meus braços
e arremessei-o às ondas,de repente...
Ele moveu gemendo os membros lassos,
lutando contra a morte. Era pungente.
Voltei à terra, entrei em casa. O vento
zunia sempre na amplidão profundo.
E pareceu-me ouvir o atroz lamento
de Veludo nas ondas moribundo.

Mas ao despir, dos ombros meus, o manto,
notei - oh grande dor! - haver perdido
uma relíquia que eu prezava tanto!
Era um cordão de prata: - eu tinha-o unido
contra o meu coração, constantemente,
e o conservava no maior recato,
pois minha mãe me dera essa corrente,
e, suspenso à corrente, o seu retrato.

Certo caira além, no mar profundo,
no eterno abismo que devora tudo.
E foi o cão, foi esse cão imundo
a causa do meu mal! Ah, se Veludo
duas vidas tivera, duas vidas
eu arrancara àquela besta morta
e àquelas vís entranhas corrompidas.
Nisto sentí uivar à minha porta.

Corrí, abri... Era Veludo! Arfava.
Estendeu-se a meus pés e docemente,
deixou cair da boca que espumava
a medalha suspensa da corrente.
Fora crível, oh Deus? Ajoelhado
junto do cão, estupefato, absorto,
palpei-lhe o corpo: estava enregelado.
Sacudi-o, chamei-o! Estava morto.

Esse Poema que trás a falta de limites que existe na ignorância humana já foi percorrido por meus olhos tantas vezes que o tenho gravado em minha mente, e todas as vezes que a ele dedico um naco do tempo tenho a mesma sensação, com os olhos cheios de lágrimas tenho a tristeza da morte de um Cão.

Dedicado a leitora Lú.

domingo, 9 de agosto de 2009

ALGUÉM

Alguém com um formato muito estranho,

Alguém com Pelos falhos sobre a Cabeça,

Alguém com 1,80 de altura, com uma grande Barriga que fora chegando lentamente sem ninguém perceber e se instalará em seu abdômen,

Alguém com Mãos e Pés grandes,

Alguém com o Rosto cansado dos anos e marcado pela vida,

Alguém que coordenou o vôo da Dona Cegonha que me trouxe para Casa,

Alguém que me alimentou quando tive fome, me aqueceu quando tive frio, me protegeu quando tive medo,

Alguém que com muita paciência me ensinou a conviver com todos,

Alguém que não ficou zangado comigo por muito tempo,

Alguém que está sempre preocupado com o meu bem estar,

Alguém que um dia me prestou uma linda homenagem e fez nascer O MUNDO DA KIM,

Alguém que eu chamo de Papai,

Alguém que faz minha vida melhor estando sempre ao meu lado.


Dedicado a todos os Papais.


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

DOPOSTE


Não sei o nome, provavelmente aqui por essas bandas ninguém o saiba, não tem hora certa para passar más passa todos os dias a não ser os mais chuvosos, e fácil de vê-lo vindo ao longe, figura inconfundível...Cabelos e Barba muito grande e grisalhos, deve ter arrumado briga feia com o Barbeiro afinal não vê tesoura ou navalha a muitos meses, ou será anos ?...Pelo cheiro que deixa no ar ao passar, as roupas, bem como o corpo todo também estão em desavença com a Torneira...Vocês caros leitores com certeza já estarão imaginando a essa altura se tratar de mais um Post a respeito de um Mendigo, um Andarilho qualquer , mais uma vítima da maldosa sociedade em que vivemos...Oras, não deixa de ser um fato, sim um andarilho com jeito de mendigo daqueles que muito provavelmente um dia saíram de uma vida considerada por nós comum para uma sem volta, más não para por aí , nosso protagonista tem uma característica mais marcante, ele da volta em Postes...isso mesmo, da volta em Postes que encontra pela frente, de Iluminação , de Sinalização, seja lá o que for, ele para e da duas voltas em torno do obstáculo, isso mesmo, nem uma nem três, exatamente duas, não importa se indo ou vindo, seja qual for a direção , lá está ele dando suas voltas em cada um que cruza...Como ninguém o vê mais ao anoitecer deve ter um local para se abrigar, afinal não vai passar dia em noite andando pelo Bairro a Girar por qualquer Coluna fincada ao Chão...Apelidos já lhes foi atribuídos e claro, Louco, Doido, Xarope, e por ai vai...Além dos Batismos não poderia faltar várias narrativas a seu respeito que não me atrevo contá-las pois são muitas e com a certeza de minha Incredulidade a respeito não faria jus a seus narradores , assim lhes adianto que tal figura gera estímulos a grande imaginação Humana e Canina e óbvio...Os Analistas de plantão acreditam ser uma grande problema de Depressão, Síndrome do Pânico ou algo que valha, que ouve vozes internas que justificaria o Cacoete, tudo manifestado por algum estado traumático no qual passou...Os Religiosos acreditam que a falta de fé em Deus, a distância da Igreja e as más influências tornariam o homem assim...Tem aqueles que atribuem seus problemas a uma certa Riqueza Anterior no qual a desenfreada luxúria o tornará um desequilibrado...No meio de tanta conversa e controvérsia até a Cachorrada tem sua versão ´´-Da um monte de voltas no Poste e não faz Xixi ? Simplesmente mais um ser Humano com defeito AUFF``... De certo, essas pitorescas pessoas como o DoPoste ( Assim que o chamo ) dão personalidade ao lugar em que vivemos , daqui a pouco ele tornará a passar calado pelas ruas dando suas viradas pelo caminho e estimulando a imaginação alheia ...No fundo acho que bem ao longe, distante dos olhares curiosos esse camarada deve parar e morrer de rir de tudo isso, deve guardar na memória a cara engraçada que fazem esses que através da Extravagante e Hereditária Vaidade Humana interpretam seus valores como universais......


Dedicado a leitora Mery.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

AUAUDIANDO

Estou Audiando em demasia o momento de escrever, gostaria de estar isnpirada e munida de assuntos para Coroar meus Ilustres Leitores com a melhor crônica escrita por uma Cachorinha...Na verdade gostaria de sugar do cotidiano algo pitoresco, único, vindo de não sei de onde ou sei lá o que, algo disperso no conteúdo Humano ou claro Canino....Tornara-se uma perseguição da eventualidade, do acidental, do flagrante da esquina, do acidente doméstico, do emprevisto, do por acaso...Não pense vocês que pouco escrevo, não , não, a verdade é que todo os dias escrevos as melhores crônicas que se possa postar para Brinda-lhes com melhor dos Conflitos Humanos,...mas ao dormir todo o discrito e relatado nas folhas de papel se torna ruim e sem qualquer fascinação...O sono passa ser meu maior crítico e espero nunca ser o único...Centrada nesse meu dilema pessoal, a espera de ser agraciada pela vida, quando ao passar pela calçada já ao iniciar da noite, lanço o olhar fora de mim, para a rua a minha frente onde vivem os assuntos, foi quando avistei o pequeno Cachorro que no momento atravessava a via sendo observado por aqueles grandes Olhos Iluminados que se aproximavam, uma buzina foi a última coisa que ouviu....Vou continuar Audiando o momento de escrever para que esteja inspirada e com menas tristeza....

Dedicado a leitora Eliana.


domingo, 26 de julho de 2009

O PODER DO TEMPO


Totó, isso mesmo, um nome bem simples, Totó, ninguém faz idéia de onde veio, muito menos para onde vai, se é que tem algum lugar para ir....Apareceu uma certa manhã pelas ruas aqui do Bairro e jamais saiu, trata-se de Cachorro com Raça indefinida...Há quem diga que tem uma patinha na Alemanha, que então seria uma mistura de Pastor com quem chegou pimeiro...Só sei que é grande ! Um Cachorrão como o anunciam, meio Pulguento e machucado, vez em outra aparece com Carrapatos que depois alguma alma bendita tira daquela carcaça cansada....Late alto para todos os Cachorros dessas bandas ouvirem´´- Já tenho 100 anos ! Sou o Cachorro mais velho do mundo ! Vocês não acreditam ? Pois fiquem sabendo que sou da época que se amarrava Cachorro com linguiça !`` E ali começa a latir histórias antigas e com as mais váriadas aventuras de fazer inveja a qualquer Super Herói das telas de Cinema...A tempos virou um mascote do pedaço, os Moradores já acostumaram com sua presença de longa data, na verdade ninguém sabe quando foi que chegou por aqui... Late ser descendente dos Cachorros Portuguêses que vieram no comando de três velhas Nau de um tal de Cabral...A grande maioria dos Cachorros respeitam muito Totó, eu mesma fica por vezes encantada com as histórias contadas com tanta sabedoria que só o tempo poderia permitir... Está sempre por perto, afinal vive de algumas coisas que ganha para comer dos Transeuntes e Comerciantes que fazem por simpatia à aquele Grandão...Por vezes alguns Cães, principalmente aqueles que chegaram por aqui a pouco, ficam caçoando das coisas latidas por Totó e em uma dessas eu assisti, foi quando o velho após o pouco caso que lhe faziam latiu em bom e alto tom ´´-Vocês se acham Cachorros espertos ? Sinto em lhes dizer que não são nem um pouco, Olham para mim e debocham de minhas passagens pela vida que aqui narro, Pois fiquem sabendo que eu tenho muito poder, e não é o da força ou das grandes mordidas, tão pouco dos latidos altos, o que tenho é o poder do sentimento de da imaginação e esse só se adquire com o tempo `` Não sei se naquele momento ele fora compreendido por aqueles que ali estavam mas, após ouvi-lo todos quietos seguiram seus rumos inclusive eu...Continuo parando para ouvir as histórias de Totó na calçada defronte ao Prédio em que moro, me pego as vezes imaginando ´´Como seria amarrar Cachorro com linguiça ?`` Só sei que deveria ser uma delícia se soltar.... Au Au.....

Dedicado leitora Milla Pereira.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O DITO PELO NÃO DITO


A Cachorrada aqui da Vila tem uma certa simpatía pelo seu Sr. Dito...esse fica horas pelas calçadas juntamente com seu inseparável Violão, ora esta afagando a cabeça de um Cachorro, ora vai saltando de comércio a comércio, de porta em porta onde para por alguns minutos e solta seu Vozeirão Rouco daquela cansada Garganta que outrora fora muito afinada mas agora....O Repertório de Musicas, que só se trata de antigos Sambas e modas de Viola não podia ser chamado de vasto....bastava algumas horas por perto que já se conhecia toda a seleção. e aquilo que no começo da audição era curioso, com o decorrer do tempo começava a ser um martírio...E assim é para aqueles Comerciantes que não aguentam mais ouvir o Sr. Dito cantarolando pelas Calçadas, mas que costumam relevar o fato afinal o Dito e boa gente e não existe maldade no que faz, ele já está aposentado e fica vivendo de boas lembranças que aquelas Canções trazem, diz ser das boas Rodas de Samba, das Gafieiras, da época em que a Esquina da Av. Ipiranga com São João era ponto de encontro não de assalto....Não faz tempo Sr. Dito arrumou um encrenca danada bem aqui defronte quando em um belo Sábado a tarde, ele empolgado com alguns conhecidos a sua volta, despejava com todas as forças uma Música muito antiga de um tal de Billy Blanco :

´´Na Gafieira segue o baile calmamente
Com muita gente dando volta no salão
Tudo vai bem, mas eis porém que de repente
Um pé subiu e alguém de cara foi ao Chão...``

Dona Guiomar, proprietária do Salão de Beleza em qual na porta estava Sr. Dito fazendo sua performance, cansada do forçado Show, foi pedir que Sr. Dito desse uma trégua a seus ouvidos,
ele cantando, dirigiu o olhar para ela e continuou...

´´Não e que o Doca, um Crioulo comportado
Ficou tarado quando viu a Dagmar
Toda soltinha dentro de um vestido saco
Tendo ao lado um cara fraco
foi tira-la pra dançar...``

Dona Guiomar, caros leitores, apesar de ser a proprietária de um Salão de Beleza, lembra muito aquele Boxeador, o tal Maguila, e deslocando aquele corpanzil mais uma vez até a porta, pediu agora de forma um pouco mais enérgica para que parasse com a cantoria ou que fosse continua-lá em outras bandas... Aquela hora mais gente tinha em volta do Sr. Dito, já não sabia se era para ver o desfecho das solicitações da Cabeleleira ou se realmente estavam gostando da música...Sr. Dito, cada vez mais empolgado com a Platéia, mais uma vez só olhou e prosseguiu...

´´O moço era faixa preta simplesmente
E fez o Doca rebolar sem Bambolê
A porta fecha enquanto o duro vai não vai,
Quem está fora não entra, Quem está dentro não sai...``

Vocês já viram ferro de porta de aço ? Aquele que o comerciante usa para para abaixa-la ou levanta-la ?...póis é, Dona Guiomar, que não deve ter gostado da interpretação do Sr. Dito, saiu para a calçada de sua loja com um objeto desses em riste lembrando aqueles Policias da Tropa de Choque em dia de Morumbi lotado...Sr. Dito poderia não ter ganho nenhum prêmio como intérprete da Música popular, mas naquela hora com certeza ganharia qualquer prova de 100 metros rasos que participasse, com Violão na Mão e tudo...Os ouvintes do Velho Sr., apesar de se afastarem para não sobrar, preferiram vaiar a comerciante em desaprovação...Ela por sua vez fitou todos com aquela cara aborrecida e entrou para seu estabelecimento resmungando sem ninguém entender o que dizia....Sr. Dito ia longe, andando lentamente tocando o Violão e cantando o resto da Música...

´´Mas a Orquestra sempre toma providência
Tocando alto pra Polícia não manjar
E nessa altura como parte da rotina
O Piston tira a surdina e põe as coisas no lugar.``...

Dedicado a leitora Eliana.






domingo, 19 de julho de 2009

PRIMA DUDA




Lá pelos lados do leste no Reino de São Paulo, dinastia de Kassab, Don Titio de S`antana, Cavaleiro da Ordem dos Domingos e Silva retornava do Castelo sombrio do Reino de Sogra`tis... Foi pelas idas da estradas de Pedra que avistou pela primeira vez aquele animal Branco e Caramelo com um certo olhar tristonho... e ao passar por este estalou os dedos chamando-lhe a atenção, foi quando de forma inusitada, a então Cachorrinha da raça Cocker passou a seguir todos os passos de Don Titio... se parava ela parava... se virava a esquerda ou a direita ela também o fazia...e assim o foi seguindo até chegarem a encruzilhada onde nosso Herói iria aguardar a passagem da Carruagem de Aço com seus Cavalos Mercedes de Metal com destino ao Condato do Norte... então pensou :´´ E agora ? Que farei com essa linda Cachorra que estás a me seguir ? - Volte de onde vieste lindo animal !... `` Mas a mesma permaneceu estática ainda lhe fitando com seus tristes olhos...Não vendo alternativa para o momento, nosso protagonista resolveu abdicar do transporte fazendo o caminho a pé...E assim foi pelo Reino da Aricanduva até chegar pelas Pradarias de Vila Maria onde se via as Margens do Grande Tietê então parou em uma Estalagem para saciar sua sede...Foi quando ao solicitar água ao Animal, que se mantinha como um Fiel Escudeiro, foi indagado pelo comerciante sobre a presença do Quadrúpede... Em breves palavras descreveu o acontecido...Solidário, o atencioso ouvinte manifestou interesse em ficar e cuidar da cansada Cachorra...Don Titio observando a respiração ofegante de sua Seguidora aceitou o pedido daquele que matará a sede de ambos oferecendo assim a guarda do Animal...Mas o destino não quiserá assim, a Bela Cachorrinha não saia do lado seu companheiro de caminhada não respondendo a diversas chamadas feitas por aquele que lhe queria adotar obrigando assim nosso Herói declinar do pedido...Continuaram assim sua Viagem parando vez ou outra para descansar e após horas de caminhada chegaram enfim ao Reino de Mandaqui onde a pequena Nômade fora bem recebida por todos...Assim... Batizada de Duda... passou fazer parte integrante da Família...Hoje cuida da Segurança da propriedade com seu latidos fortes e grande vivacidade...Continua sendo a fiel escudeira de Dom Titio onde, a seu lado, será feliz para sempre.
Fim.


Dedicado ao leitor Wagner.
Em Tempo, a direção do Blog informa: Essa é uma obra de Ficção, Qualquer semelhança com a vida real e mera coincidência.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

POR QUEM OS SINOS DOBRAM


Concluída uma parte da eterna reforma da Igreja do Bairro, essa se trata da torre em que fica os Sinos...Claro que os Sinos são um engodo, no alto da torre não se vê aquelas grandes peças cilindricas enormes de Bronze com um grande Badalo que se chocam em suas paredes criando aquele som com características únicas... Mas lá só se vê grandes Alto Falantes ligados de certo a um grande Aparelho de Som que vai gerar o famoso barulho dos Antigos Sinos em Alta Fidelidade...O que será que passaria na cabeça daqueles velhos Monges, Coroinhas, Padres, ajudantes ou sei lá, que necesitavam se pendurar com o corpo em cordas para que assim movimentassem os ditos no alto da torre anunciando Boas Novas ou Tragédias, a hora da Missa ou de Casamentos... Veriam seus esforços traduzidos em um apertar de tecla...Será à Tecnologia substituindo as tradições ?...Agora os sinos eletrônicos disparados e a Cachorrada ao longe latindo como um acompanhamento de uma Sinfônia....É a hora da Missa e alguns poucos dessem a rua de Braços entrelaçados deslumbrando a novidade que tem um ar Nostalgico...Como um dia disse o grande Escritor Ernest Hemingway ´´- Por quem agora os Sinos Dobram ? ``e eu humildemente lhes responderei ´´-Eles dobram por Kim.``

Dedicado a o Leitor Tevin.